Mais
de 42 oradores, entre os cerca de três centenas e meia de militantes do
Partido, vindos de todas as Zonas e Regiões do país, que participaram como
delegados ao VIII Congresso Ordinário do PAIGC, realizado em Cacheu,
concentraram-se nas instalações do Malaika Trading nas zonas industriais de Brá,
no passo 15 de Fevereiro, para saber o que Braima Camará tencionava fazer em
termos do seu futuro político.
As
intervenções deixaram transparecer de forma nítida que o VIII Congresso
Ordinário do PAIGC deixou marcas e que urge hoje, se a nova Direcção eleita na
reunião magna de Cacheu não trabalhar no sentido de assegurar a unidade e a
coesão interna do PAIGC, teremos uma vez mais dividido o nosso grande Partido.
Óscar
Barbosa fez a introdução em nome da Coordenação Nacional do Projecto “Por uma Liderança Democrática e Inclusiva”,
tendo considerado que o Congresso de Cacheu demonstrou de forma inequívoca a
necessidade urgente do PAIGC se dotar de novos métodos de actuação, “pois o que se passou ao longo deste
processo, veio demonstrar claramente que a transparência, a verdade, a
legalidade foram escamoteados em nome de uma aliança criada e sustentada para
minar a todo o custo, um projecto e um líder que só pretendiam salvar o PAIGC
da situação de crise profunda onde se encontra”.
Marciano
Silva Barbeiro agradeceu em nome do Projecto “Por uma Liderança Democrática e
Inclusiva” todas as diferentes estruturas criadas nos seu seio e os seus demais
responsáveis a todos os níveis, pelo papel e pela acção levadas a cabo que “dignificaram o nosso Partido e os seus
dirigentes e militantes, pois o objectivo visado era defender o PAIGC e criar
as condições para a sua unidade e coesão interna e paralelamente programar a
sua modernização”.
“Nós não saímos derrotados de Cacheu, pois o
que se passou foi uma luta titânica onde todos se juntaram para nos derrubar e
o conseguiram porque ao retirarem-nos às claras vitórias que alcançamos nas
Conferências Regionais de Oio e Bafatá e o facto de terem acrescentado
ilegalmente o número dos delegados fixados pelo Comité Central aos Veteranos em
mais 10 delegados, então vemos claramente que nós seríamos os grandes
vencedores do VIII Congresso Ordinário”, diria ainda Marciano Silva
Barbeiro, para logo prosseguir a sua intervenção referindo-se que a vitória de
Braima Camará e do Projecto “Por uma Liderança Democrática e Inclusiva” era “uma vitória da coerência e da verdade, pois
sempre nos mantivemos fiéis ao modelo que defendemos assente nos Estatutos
aprovados em Gabú e nunca optámos por outros caminhos só porque queríamos
alcançar o poder a todo o custo e a prova disso é que conseguimos chumbar o
anteprojeto dos Estatutos, significando isso uma vitória moral importante,
pois não nos esqueçamos de que desde o início deste processo registámos uma
clara e evidente hostilidade em torno do nosso Projecto e muito principalmente
contra a figura do camarada Braima Camará”.
O
camarada Braima Camará começaria a sua intervenção pedindo desculpas a todos os
camaradas que o apoiaram “pelos danos e
pelos sofrimentos qe nos foram impostos, pelo que expresso de forma humilde e
sincera o meu muito obrigado a todos os que acreditaram no Projecto “Por
uma Liderança Democrática e Inclusiva” e deram
tudo quanto tinham para tornar num sucesso esta nossa caminhada feita em nome
dos superiores interesses do PAIGC”.
“Em Cacheu tudo aconteceu, menos democracia,
menos verdade, menos justiça” diria ainda Braima Camará, para logo
acrescentar, “sempre defendi e lutei que
em primeiro lugar estaria sempre a Guiné-Bissau e só em último lugar estaria o
meu interesse pessoal, em nome da paz e da estabilidade, apesar de ter escutado
por vezes sem conta veladas ameaças e uma intensa campanha de difamação”.
“Nós jamais prejudicaríamos os superiores
interesses do nosso grande Partido e pelo que se passou em Cacheu, temos
condições para pôr em causa algumas Resoluções aprovadas no VIII Congresso de
Cacheu, mas não o vamos fazer porque entendemos que a nossa luta deve ser
interna, no seio do PAIGC, mas como líder deste projecto, não aceito ultimatos,
nem imposições, nem humilhações e estamos absolutamente convencidos de que só
conversando com sinceridade e transparência podemos chegar a soluções mais
adequadas para salvaguardar os superiores interesses do nosso Partido”
diria ainda Braima Camará, para logo acrescentar, “que nós sempre jogamos limpos, sempre colocamos o PAIGC acima de
quaisquer outros interesses, ao contrário de muitos que jogaram tudo e sem olhar
a meios para chegar aonde chegaram, basta relembrarmos as peripécias ocorridas
em torno das Conferências Regionais de Oio e de Bafatá, basta recordarmos as
mudanças de estratégias em torno dos Estatutos, basta recordarmos a sórdida
campanha que levaram a cabo para denigrir a minha imagem e tudo fizeram para
barrar Braima Camará deste processo”.
“Reconheci a nossa derrota em Cacheu em nome
da ética, da dignidade e dos superiores interesses do PAIGC e prometi
trabalhar em nome da reconciliação, da unidade e coesão do nosso Partido e
fi-lo com a clara consciência de que era necessário salvaguardar os superiores
interesses do país, a partir da própria estabilidade interna do Partido e
também do discurso à unidade e a reconciliação que escutámos, mas
posteriormente e de forma gradual, estamos a verificar que tudo o que
escreveram, tudo o que falaram, estão sendo clara e lamentavelmente contrárias
as intenções manifestadas” afirmaria Braima Camará na sua intervenção.
Para
Braima Camará, “tudo aquilo que estiver
dentro da nossa razão, não abdicaremos de lutar pelos nossos direitos” e numa
clara alusão a forma como foi elaborada a lista dos membros dos órgãos
estatutários, o Comité Central e o Bureau Político, demonstraram de forma clara
que os Estatutos e o próprio Regulamento Eleitoral elaborado à luz dos anteprojetos
de Estatutos chumbados pelo Congresso de Cacheu não foram minimamente
respeitados e os meus apoiantes foram de forma clara e deliberada afastados
destes órgãos, com a agravante de uma grande maioria deles serem até
Presidentes de Comissões Políticas de Zona ou Sectoriais”
“Vamos agora aguardar pela lista dos
Deputados, pela composição do Secretariado, para vermos se continua esta
estratégia, que só visa acentuar a divisão e instabilidade no seio do PAIGC,
pois para nós, a hora deveria ser de reconciliação e de tolerância e fazer o
contrário é somente revanchismo, contra todos os que de uma maneira ou outra nos
apoiaram num projecto de que estamos profundamente orgulhosos porque
conseguimos, quer queiram ou não, um projecto verdadeiramente a altura de
salvar o PAIGC” diria ainda Braima Camará, para logo a seguir afirmar que “a Aliança que levou todos os potenciais
concorrentes a lutarem contra o nosso Projecto, não passa de uma mescla de
projectos sem rumo e que se reflecte na própria composição dos órgãos
estatutários saídos do VIII Congresso Ordinário de Cacheu”.
“Apesar de partilhar os mesmos sentimentos
convosco, quero aqui lançar um apelo aos camaradas José Carlos, Seco Coté,
Djana Sane no sentido de todos nós mantermo-nos no mesmo barco e dentro dele
lutarmos por um PAIGC que defendemos e sonhamos” diria Braima Camará para
na linha da sua intervenção, afirmar que “temos
que continuar a dar uma lição de maturidade, de coerência e coragem política em
nome dos euperiores valores que defendemos e que o nosso Projecto defendeu em
nome dos superiores interesses do PAIGC, pois a nossa força é permanecermos
juntos e lutarmos juntos em prol de um PAIGC unido e forte”.
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