Os autores da
providência cautelar apenas impugnaram as deliberações do VIII Congresso que
elegeram o Comité Central e o Conselho Nacional de Jurisdição, bem como, por
consequência, a deliberação do Comité Central que elegeu o Bureau Político do
PAIGC.
Porquê?
Porque aquelas
deliberações do VIII Congresso e do Comité Central ofenderam os Estatutos do
Partido e o Regulamento Eleitoral aprovado sob proposta da própria aliança que
viria a vencer o congresso. O que aquela aliança aprovou num dia, estava a ser
violado no dia seguinte, ofendendo os
interesses do partido e os direitos dos
autores da providência.
Os autores da providência
sentiram-se profundamente injustiçados porque foram e são militantes
exemplares, militantes de primeira linha e hora, sobretudo nos momentos
difíceis que o partido atravessou no passado.
Os autores foram pura e
simplesmente retirados da lista do comité central, ou desclassificados do
bureau político para o comité central, em alguns casos até para suplentes do Comité
Central, pelo simples facto de terem apoiado a candidatura de Braima Camará à
Presidência do Partido.
Os autores foram
substituídos por camaradas que nem sequer eram delegados ao VIII Congresso, por
camaradas que caíram nas conferências de base do partido e foram ilegitimamente
repescados para o congresso, e ainda por camaradas que nem sequer participaram
nas conferências de secção ou sector, tudo na base de clientelismos e
nepotismo.
Os autores faziam parte
das listas aprovadas pelas respectivas Comissões Políticas Regionais, as únicas
entidades com legitimidade e competência para propor os candidatos ao novo
Comité Central, a partir das regiões ou zonas. Os seus nomes foram eliminados
por uma Comissão Ad Hoc criada de forma anti-estatutária e ilegal, Comissão
presidida pelo próprio Presidente eleito do PAIGC, eng.º Domingos Simões
Pereira, e integrada por Carmem Pereira, Baciro Djá, Inácio Correia (Tchim),
José António Almeida, Botche Candé e outros.
Nenhum destes camaradas
fazia parte da comissão de mandatos, única entidade com competência estatutária
e regulamentar para compor as listas de candidatos para o comité central e para
o conselho nacional de jurisdição, em cooperação com os presidentes das
comissões políticas regionais, com os coordenadores das organizações
sociopolíticas ou com o presidente do partido, consoante se esteja a tratar da
quota regional, da quota das sociopolíticas ou da quota nacional,
respectivamente.
A Comissão Ad Hoc
funcionou numa base inquisitória, chamando à vez os presidentes das comissões
políticas para lhes impor a eliminação de camaradas cuja fidelidade à linha
vencedora não fosse manifesta. À revelia e contra a vontade expressa dos
responsáveis regionais, as listas propostas foram alteradas por esta comissão
ad hoc.
Responsabilizamos
pessoalmente o presidente do partido pelas consequências políticas desta sua
postura, a qual foi por ele confirmada inequivocamente na última reunião do
comité central. Nesta reunião o presidente do partido eleito afirmou sem
quaisquer reservas que só integraria nas suas listas os camaradas que apoiaram
a sua candidatura, esquecendo-se por completo dos interesses do partido e das
suas próprias promessas eleitorais. É esta a noção de reconciliação, unidade e
coesão do partido que defende o Eng.º Domingos Simões Pereira.
Os autores esclarecem a
opinião pública que esta conferência de imprensa foi realizada na sequência da
entrevista dada no dia 22 de Fevereiro à Rádio Bombolom pelo Presidente do
Partido, na qual a todos acusou de estarem de má-fé, de não terem reclamado no
congresso aquilo que reclamam hoje em defesa de interesses mesquinhos e de
prejudicarem o partido.
Os autores da
providência cautelar aproveitam esta oportunidade para relembrar ao Eng.º
Domingos Simões Pereira que várias foram as reclamações apresentadas por
escrito no congresso que não mereceram qualquer resposta de quem de direito,
que estava mais preocupado com a implantação da lei da rolha do que com a
promoção de um debate sério e participado entre os congressistas. Mais lhe
relembram que ele foi um dos dirigentes do PAIGC que em Cacheu fizeram aprovar
à força uma resolução do comité central nos termos da qual os problemas do
partido não devem ter solução política, antes deve ser sempre privilegiada a
via judicial. Na altura estava em causa a representação das regiões de Bafatá e
Oio no VIII Congresso, nas quais os apoiantes de Braima Camará foram despoticamente
afastados para assim abrir caminho à maioria forjada que viria a vencer o Congresso.
Foi uma questão de contas e de força, sem olhar para a dignidade de militantes
cujo empenho e voto agora serão solicitados pelos prostituídos da política.
O futuro dirá com quem
estão as bases do partido.
Bissau, 24 de fevereiro
de 2014.
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