Carlos Schawrz Silva "Pepito", um guineense cujo combate de sempre foi o desenvolvimento da terra que o viu nascer |
Pepito
morreu!
Com
efeito, a nossa camarada e ex-Ministra da Economia, Helena Nosolini Embaló, fez
uma lúcida e realística homenagem ao nosso velho amigo e camarada Carlos Silva,
mais conhecido pelos guineenses por Pepito e resolvemos publicá-lo porque ela
foi na verdade extraordinária:
Um
combate permanente, um exemplo de vida!
Quando
lemos este artigo pequeno, mas enorme pela sua profundidade resolvemos
adoptá-lo, publicando-o neste blog de combate democrático.
Para mim, Pepito simbolizou sempre um exemplo.
Um exemplo de inteligência, de perseverança e de competência. Lembro-me,
naquela época no início dos anos oitenta, quando me encontrava em Lisboa a
estudar, o quanto me sentia orgulhosa de estar ao lado «deles», do Pepito e da
Belocas, os ícones da minha fase pré-adulta, nas suas curtas passagens em
Lisboa, em missão de serviço. Lembro-me como me senti revoltada quanto ambos
deixaram o DEPA (o Estado) e admirei a coragem com que assumidamente criaram a
ONG «AD» e das lutas que travaram contra as práticas do poder vigente muito
hostis à emergência da sociedade civil. Lembro-me (da última vez que o vi com
vida), da forma despretensiosa e audaciosa como concebeu a minha «saída» do
país logo após o golpe de Estado de 2012.
Mesmo
quando o passar dos anos foi embaciando o fervor revolucionário do
pós-independência, Pepito em nenhum momento se converteu à logica do
liberalismo económico ou se rendeu à fidelização perversa da político-partidária.
O seu combate sempre foi o desenvolvimento da terra que o viu nascer. A sua
ambição foi sempre fazer dos «camponeses» e das comunidades rurais, os
propulsores do progresso e da dinâmica económica e social.
Mesmo
que se pudesse discordar por vezes de aspectos centrais das suas orientações
ideológicas, todos lhe reconhecemos a sua capacidade de emergir nos contextos
mais complexos e precários, e lá quando mais ninguém esperava, ele reaparecia
com ideias e projectos arrojados para implementar. Nos últimos anos da sua vida
surpreendeu-nos com a sua faceta de um homem preocupado com as raízes históricas
e a cultura do seu povo, disso são testemunhos, entre outros, as iniciativas e
obras (Museu e Simpósio de Guiledge, e recentemente o Mausoléu de Cacheu) que
ajudou a erguer para resgatá-las.
Curiosamente, este seu inconformismo, este seu
combate permanente fez realçar a grandeza de sua figura e transformá-lo num
exemplo de vida e de esperança!
Obrigada
Pepito!
Que
a terra lhe seja leve. As nossas mais sentidas condolências a família e aos
seus companheiros da AD.
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