RESUMO EXECUTIVO:
A DIRECÇÃO INTERINA DO PAIGC TEM VINDO A ADIAR SUCESSIVAMENTE A REAIZAÇÃO DO
VIII CONGRESSO ORDINÁRIO E A CONTRIBUIR PARA A DEGRADAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE
MILITANTES NO INTERIOR DO PARTIDO COM ATITUDES E ACÇÕES TORPES E DE BAIXA
POLÍTICA, PARA IMPEDIR QUE O PROJECTO POR UMA LIDERANÇA DEMOCRÁTICA E INCLUSIVA
CONSOLIDE AS VITÓRIAS ESMAGADORAS QUE TEM VINDO A ALCANÇAR NAS CONFERÊNCIAS
REGIONAIS E NAS BASES DO PARTIDO. ESTA ATITUDE ESTÁ A IMPACTAR NEGATIVAMENTE NA
IMAGEM DO PARTIDO E A PREJUDICAR SERIAMENTE OS SEUS INTERESSES.
Ao Camarada
1.º Vice-presidente do Partido,
Presidente em Exercício do PAIGC e
Presidente da Comissão Nacional
Preparatória do VIII Congresso do PAIGC, Camarada Manuel Saturnino da Costa
BISSAU
Depois
de ter tomado conhecimento dos processos judiciais movidos por Militantes e
Dirigentes do Partido, tendo em vista a anulação de deliberações do Conselho
Nacional de Jurisdição, que lhes sonegavam direitos legítima e legalmente
alcançados nas Conferências Regionais de Oio e Bafatá, o Projecto “Por uma Liderança Democrática e Inclusiva”
entende ser sua obrigação dirigir a presente Carta Aberta à Direcção Interina
do Partido para, uma vez mais, alertá-la para os perigos que dos mesmos podem
resultar para o nosso glorioso PAIGC. Os signatários pretendem também partilhar
com os militantes e simpatizantes do Partido e com a sociedade em geral o
conjunto das informações relevantes em torno daqueles casos que lhes permitam
compreender as razões que aos mesmos assistem e imputar a cada um as
respectivas responsabilidades.
Camarada,
Como
é do seu conhecimento, foram-lhe entregues dois Relatórios relativos à
Conferência Regional de Oio, realizada em Farim nos dias 11 e 12 de Novembro de
2013. Um, pelo Presidente da Mesa que dirigiu os trabalhos, e outro pelo
Supervisor por si nomeado para acompanhar a Conferência.
Os
factos que determinaram os desentendimentos entre os Delegados da Conferência
de Oio podem resumir-se, em síntese, no seguinte: por causa de actos de
violência e vandalismo cometidos no decurso da Conferência por membros da
Direcção do Partido, nomeadamente, Martinho
Dafá Cabi, Baciro Dja, Manuel Nascimento Lopes, vulgo Manelinho, e Ensa Jandi,
actos que punham em risco a integridade física dos Delegados, o Presidente da
Mesa da Conferência, o Camarada João Sedibé Sané, eleito de forma democrática pelos
Delegados, decide, em concertação com os restantes membros da Mesa e com o
Presidente da Comissão de Mandatos, suspender a reunião quando eram 03H40, para
a continuar na manhã do mesmo dia, pelas 09H00. Esta decisão cabia e cabe no
âmbito das atribuições e competências legais e estatutárias do Presidente da
Mesa.
Depois
da saída da sala de todos os Delegados, o grupo de dirigentes acima referidos
consegue arregimentar uma parte dos Delegados da Conferência, com os quais
regressam à sala, e, nas costas dos titulares legítimos, constituem novos
órgãos e “realizam a sua conferência”.
De seguida tentam desmontar a sala, pagam aos Delegados para que saiam de Farim
a correr, de forma a impedir a continuação da Conferência Regional conforme
programado. Não conseguiram nem uma coisa, nem outra, pelo que, quando eram
cerca das 10H00, reunindo o quórum requerido, o Presidente da Mesa deu
continuidade aos trabalhos da Conferência, concluindo a Agenda previamente estabelecida.
O
CNJ chamou a si, oficiosamente, a resolução deste diferendo e, sem ouvir os
responsáveis regionais ou o Presidente da Mesa eleito, acusado falsamente de
ter abandonado a reunião, considera procedentes os argumentos apresentados pelo
Supervisor Martinho Dafa Cabi no seu Relatório e valida os resultados daquela “conferência
fantasma”.
Camarada,
Como
é do seu conhecimento a figura do “Supervisor” não tem consagração estatutária,
e não sendo Delegado à Conferência, não tem competência para apresentar o
Relatório desta, nem para organizar e dirigir os seus trabalhos, como parece
ter acontecido. Pode, sim, apresentar o seu Relatório sobre o modo como
decorreu a Conferência, para elucidar a Direcção do Partido sobre quaisquer
anomalias que porventura se tenham verificado.
O
Relatório da Conferência deve ser apresentado à Comissão Nacional Preparatória
pelos órgãos eleitos da Conferência, que dirigiram os seus trabalhos e estatutariamente
é o Presidente eleito quem os dirige até à sua conclusão, excepto quando
legalmente substituído, por impedimento superveniente ou qualquer outra causa
legítima.
Camarada,
Quanto
à Conferência Regional de Bafatá a situação e os termos como os assuntos
relacionados com a mesma estão a ser tratados pela Direcção Interina do Partido
também são revoltantes.
A
Conferência Regional de Bafatá decorreu no dia 17 de Novembro, iniciada que foi
no dia 10 do mesmo mês. O seu adiamento sucessivo ficou a dever-se ao facto de
a aliança negativa liderada por Bothe
Candé contra o nosso Projecto pretender negociar uma Lista Única Solidária,
por ter consciência da sua eminente derrota.
Na
sala da Conferência só puderam entrar os seus Delegados, num total de 256
Camaradas, devidamente identificados e controlados por representantes de ambas
as candidaturas e por dirigentes das estruturas regionais do Partido.
Os
órgãos da Conferência foram eleitos e constituídos maioritariamente por
representantes das candidaturas adversárias, por proposta de representantes do
nosso Projecto, para evitar acusações futuras. Os trabalhos decorreram
normalmente, por vezes em ambiente acalorado, mas sem qualquer violência. Os
Delegados votaram em total liberdade e, embora renhida, a vitória sorriu para o
nosso Projecto (numa primeira votação para escolher a modalidade de voto 130
contra 112, e numa segunda votação para eleger o Presidente da Comissão
Política 142 contra 114). No final, os Delegados cumprimentaram-se e
felicitaram os vencedores, o que significa que quem perdeu reconheceu a
derrota. Nenhuma reclamação foi apresentada no decurso da Conferência ou no seu
termo.
Como
compreender que, volvidos cerca de 20 dias, os Delegados à Conferência venham a
ser confrontados com uma decisão do CNJ que, com base em argumentos forjados e
intempestivamente apresentados, anula aqueles resultados e manda repetir a
Conferência? Quais os fundamentos?
O
principal e mais importante é a falsa denúncia segundo a qual 25 dos Delegados
participantes na Conferência Regional de Bafatá não eram militantes do PAIGC.
Ninguém sabe quem prestou esta falsa informação, que poderá ter sido até um
qualquer marginal.
A
verdade é que, para além de militantes de primeira hora que há muito asseguram
as vitórias do Partido na região, estávamos em presença de Combatentes da
Liberdade da Pátria, tais como o “tio” Bernardo Sanca, a Camarada Sambel Candé e
o Camarada Ansu Nanco.
Grave
é que, mais uma vez, estes Camaradas cuja militância era posta em causa nunca
foram ouvidos para se defenderem, por medo do contraditório e porque o que o
CNJ e a Direcção Interina do Partido, que deu cobertura a esta iniciativa,
pretendiam era confrontá-los perante factos consumados, estribados na tese que
apregoam aos quatro ventos segundo a qual “as decisões do CNJ são
irrecorríveis”, logo definitivas. Esqueceram-se que tratando-se de deliberações
ilegais são sempre impugnáveis judicialmente.
Porquê
estes comportamentos desviantes?
Porque
a Direcção Interina do Partido apoia claramente algumas candidaturas e está
activamente empenhada na luta contra a candidatura do nosso Projecto, liderado
por Braima Camará, Deputado da Nação e Membro do Bureau Político do PAIGC, sem
que se conheçam os motivos desta atitude. Porque tendo verificado que a nossa
candidatura tem o apoio das Bases, dos quadros, mulheres e jovens, da maioria
dos Dirigentes e dos Combatentes da Liberdade da Pátria, da maioria dos
Deputados, a Direcção Interina do Partido e as candidaturas adversárias querem
obter na secretaria a vitória que lhes faltou ou falhou em Oio, Bafatá, Gabú,
Quínara, Tombali, Biombo e Bissau, que votaram estrondosamente no nosso
Projecto e seu Candidato. No fundo, como na contagem das “espingardas” para o
VIII Congresso saem derrotados, então à viva força querem “transformar ou
reverter” os resultados em seu favor.
Porém,
a verdade
insofismável é que o nosso Projecto ganhou as inéditas “Primárias do Partido”
em 7 das 9 regiões políticas do nosso modelo organizacional, e estas vitórias
ninguém no-las pode retirar, quanto mais a “segunda conferência fantasma”
realizada no passeio defronte ao Secretariado Nacional do Partido, debaixo de
uma amendoeira, que a Direcção Interina se prepara a validar, tendo inclusive
permitido a distribuição fraudulenta de fichas para a inscrição dos Delegados “fantoches”
dela resultantes.
Camarada,
Conscientes
das suas responsabilidades e da responsabilidade histórica do PAIGC enquanto
partido libertador, profundamente comprometido com o Povo guineense, os
subscritores desta Carta Aberta querem reafirmar a sua total disponibilidade
para reforçar a reflexão e o diálogo político entre as diferentes candidaturas,
tendo em vista a realização imediata do VIII Congresso e a criação de condições
para que o Partido saia de Cacheu mais unido e forte, preparado para enfrentar
os ingentes desafios que se colocam à Guiné-Bissau e ao seu povo.
Os
subscritores da presente exortam a Direcção Interina do Partido a repor a
verdade das Conferências Regionais de Oio e de Bafatá, respondendo à questão
política de fundo que lhes está subjacente, ao invés de procurar refugiar-se em
Deliberações infundadas, ilegais e anti-estatutárias do CNJ.
Os
subscritores defendem que só com Verdade e Humildade, no respeito pelos
princípios e valores da democracia, respeito mútuo, militância e cidadania
responsável se poderá dotar o PAIGC da força e pujança que todos lhe
reconhecemos e reaproximá-lo das suas bases populares que muitas vitórias lhe
garantiram ao longo de mais de meio século de história.
Os
subscritores desejam e pedem à Direcção Interina do Partido que dêem espaço
para a solução política dos diferendos abertos em torno das Conferências de Oio
e Bafatá, porquanto têm consciência que a via judicial, já utilizada no passado
por Camaradas que se sentam hoje na Direcção Superior do Partido, não é a mais
adequada para a resolução de conflitos internos de um Partido com a dimensão e
a responsabilidade política do PAIGC.
Os
subscritores exortam ainda as demais candidaturas, a quem estes comportamentos
aproveitam, a darem mostras de patriotismo e sentido de responsabilidade, e a
tudo fazerem para assegurar o respeito e a dignidade de todos e de cada um dos
militantes, afastando-se e repudiando actos e soluções que afectam e minam a
confiança que deve existir entre Camaradas que amanhã estarão na mesma trincheira
a trabalhar para o mesmo objectivo, qual seja, o de contribuírem para o
engrandecimento do PAIGC, levando-o ao poder para, numa tentativa que se
pretende derradeira, colocarem a Guiné-Bissau e o seu Povo no patamar a que têm
direito no concerto das Nações.
Os
subscritores da presente responsabilizam a actual Direcção Interina do Partido
por quaisquer consequências negativas que venham a resultar da prossecução dos
processos judiciais em curso, que possam por em causa a plena participação do
PAIGC nas próximas eleições legislativas e presidenciais, a decorrer em Março
do próximo ano.
Saudações
Fraternais,
O
Projecto “Por uma Liderança Democrática
e Inclusiva”