A
posição do Projecto “Por uma Liderança Democrática e Inclusiva” é que o VIII
Congresso não deve debruçar-se sobre a questão da revisão dos Estatutos do Partido,
por não ser este o momento adequado para um tal esforço de reorganização. Contudo,
admitindo que a revisão venha a ser feita, em resultado de compromissos entre
as diferentes candidaturas, então a revisão deve respeitar a estrutura e o
actual modelo de organização, sobretudo no que se refere à Liderança do
Partido, hoje concentrada no Presidente do Partido, o qual é o cabeça de lista
e o candidato do Partido ao cargo de Primeiro-Ministro em caso de victória
eleitoral, bem como as preocupações de transparência dos processos eleitorais
para a escolha dos dirigentes do Partido.
A NOSSA VISÃO SOBRE A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO
DO PARTIDO
INTRODUÇÃO
Do
nosso ponto de vista, a menos de 6 meses de eleições não é aconselhável a
alteração dos estatutos do Partido. Para mais uma alteração que atinja o
próprio modelo estrutural de organização e funcionamento consagrado pela sua
versão actual. É que, por mais que tal seja necessário, o momento não é
propício para experimentalismos, sob pena de as consequências impactarem
negativamente sobre o futuro do Partido. Por outro lado, estamos ou continuamos
em plena crise, com a instabilidade daí decorrente. Dizem as boas práticas que
em momentos de crise não se fazem revisões constitucionais ou estatutárias.
Porém,
há que reconhecer que a necessidade de revisão dos estatutos nasce de uma ideia
sufragada pela maioria dos militantes nos termos da qual a excessiva
dependência financeira do Partido conduziu a uma grande concentração de poderes
no seu Presidente e que, por causa disso, as estruturas não funcionaram
correctamente e o modelo ficou irreversivelmente ferido de morte.
Ora
para se corrigir uma situação pontual, não nos parece normal virar o modelo ao
contrário, descaracterizando por completo a experiência anterior, com provas
dadas ao longo dos últimos anos. Há que reconhecer que houve momentos em que o
Partido funcionou bem porque ao nível do seu Secretariado havia Camaradas à
altura das suas responsabilidades, não sendo correcto por o modelo em causa por
causa da inoperância que caracterizou os últimos tempos da história do Partido.
Com
os poderes atribuídos ao Secretariado Nacional e ao respectivo coordenador, o
Secretário Nacional, muito mais poderia ter sido feito. Porém, como o momento
não é o da procura de responsáveis, antes de soluções, passaremos a apresentar
o nosso ponto de vista. Portanto, diremos em conclusão que somos pela manutenção
dos actuais estatutos do Partido, deixando-se uma eventual revisão para momento
posterior. Mais, consideramos que, à semelhança do que aconteceu nos
momentos em que existiu um Secretariado Permanente, nas pessoas dos falecidos
Camaradas José Araújo e Vasco Cabral, a aposta actual seria a de criar um
Secretário Permanente com funções reforçadas, que seria o verdadeiro Patrão do
Partido. Um veterano com a autoridade de muitos dos actuais candidatos seria
uma excelente escolha para dirigir um Secretariado repleto de “sangue novo”,
numa verdadeira aliança de gerações.
Contudo,
admitindo que a maioria dos militantes e dirigentes concorde com a ideia da
revisão já neste VIII Congresso, então avançaremos com uma proposta de revisão minimalista,
que tem por principal objectivo melhorar naqueles pontos em que existe consenso
quase geral. Assim a proposta que apresentaremos em alternativa visará
sobretudo e apenas os seguintes pontos: dar dimensão e coerência aos princípios
que caracterizam a democraticidade interna do Partido, autonomizar e reforçar
as competências do Secretariado Nacional e do próprio Secretário Nacional, e
reforçar as garantias de independência e imparcialidade do Conselho Nacional de
Jurisdição e Fiscalização, para que se torne uma entidade mais actuante e
respeitada no seio do Partido. Aliás, diga-se de passagem que neste particular,
com excepção da matéria relativa à democraticidade interna, concordamos com o
essencial das propostas apresentadas pela Sub-Comissão de Textos encarregue de
apresentar uma proposta à Comissão Nacional Organizadora do Congresso.
Diremos
em conclusão que estando reunidas as condições para a revisão dos estatutos (situação
pouco provável dada a necessidade de apoio ao processo de pelo menos 2/3 dos
Delegados ao Congresso), então a revisão deverá ser feita pela solução
minimalista que é a nossa.
ANTECEDENTES
Para
apresentar uma proposta ou projecto de revisão dos seus estatutos a Direcção
criou uma Comissão formada por dirigentes e quadros do Partido e incumbiu-a
dessa missão.
Após
intensos trabalhos a Comissão apresentou uma proposta de revisão que não reuniu
o consenso de todos os seus membros. Trata-se de uma proposta de revisão
radical, que atinge estruturalmente o modelo actual. O modelo contido na
proposta da Comissão criada pelo Partido para proceder à revisão dos estatutos
visa uma alteração global e de fundo dos estatutos, pouco lhe importando a
questão da sua exequibilidade.
O
modelo proposto visa promover alterações profundas na liderança do Partido, sob
o pretexto que os actuais candidatos ao cargo visarem apenas a Chefia do
Governo, pouco se importando com a organização e o funcionamento do Partido.
Assim, para o modelo proposto pela Comissão, o Partido deveria ser entregue a
um Presidente que não seria candidato ao cargo de Primeiro-Ministro, que
ficaria no Partido para arrumar a casa. O cargo de Primeiro-Ministro ficaria
reservado para o 1.º Vice-Presidente do Partido, que não é o Líder do Partido.
A ideia primitiva de caber ao Presidente a escolha do Primeiro-Ministro, com
recurso a um novo órgão, criado com a própria proposta de revisão, o Presidium
do Partido, caiu na versão agora distribuída.
Para
além de subsistirem dúvidas sobre a possibilidade de recuperação política para
a hipótese de o modelo vir a falhar, a questão principal é a que resulta do
facto de a proposta assentar numa premissa falaciosa e inconsistente.
O
modelo esquece-se que o que move os partidos políticos é a luta pelo poder, e
que em sistemas de governo como o nosso, em que o poder executivo se concentra
no Governo, a principal luta situa-se exactamente na conquista do poder
executivo.
Em
todos os sistemas próximos do nosso como o são os casos de Portugal, Cabo
Verde, S-Tomé e Príncipe e outros, o que os líderes dos partidos procuram, nele
concentrando o essencial do seu esforço político, é a conquista do posto de
Primeiro-Ministro. Nos casos em que a Chefia do Governo está entregue ao
Presidente da República então o eixo da luta desloca-se para a Presidência,
como se verifica em Angola e Moçambique, ou França e EUA.
Porém
uma coisa é certa: é o líder do Partido quem se apresenta a concorrer a
qualquer daqueles postos, porque essa é a matriz essencial da luta pelo poder.
Partido
que não se apresente com o rosto de quem será a figura principal na condução
dos destinos da Nação não pode aspirar senão ao retundo fracasso.
A
solução que nos é apresentada pela Comissão não tem paralelo no mundo de hoje,
desconhecendo-se se alguma vez e em algum lugar foi aplicado. Se o que se
pretende é puro experimentalismo, então convém referir como os nossos irmãos
brasileiros “que brincadeira tem hora”.
Por
isso compreendemos a razão pela qual a proposta apresentada pela Comissão não
conseguiu reunir o consenso dos seus membros. Ela fere o partido de morte,
pondo em causa uma liderança clara e assumida, colocando assim em risco um dos
objectivos principais da sua luta: a conquista do poder. Aliás, ficamos com a
sensação que a proposta está marcada de reserva mental, no sentido em que contém
alguma coisa escondida, não é transparente e nem tudo é apresentado aos
militantes e simpatizantes do partido.
Refiramos
apenas uma palavra ao argumento segundo o qual proliferaram candidaturas e que
tal proliferação de candidaturas é mau para o Partido, para dizer que este
argumento não pode colher, porque também pode ser interpretado como sinal de
vitalidade do Partido, num momento de viragem geracional nunca antes vivido no
seu seio.
Do
nosso ponto de vista será sempre positivo se os concorrentes aproveitarem a
antena que lhes é oferecida para debaterem projectos e programas, ao invés de
passarem o tempo a mentir e a criar ficções sobre as demais candidaturas,
refugiando-se nesse pretexto. É salutar que proliferem candidaturas e tal situação
em nada fere o normal e democrático funcionamento do Partido.
OUTRAS CRÍTICAS À PROPOSTA DA COMISSÃO
A
principal crítica que nos merece a solução apresentada pela Comissão e que
resultou na Plataforma do PAIGC para a Unidade e Coesão Internas do Partido é a
que resulta do facto de ela representar uma solução anti estatutária, mas que
mesmo assim mereceu o apoio dos actuais dirigentes do Partido. Mais, mereceu o
apoio de membros da actual Comissão Nacional Preparatória do VIII Congresso, o
que significa que os árbitros viraram jogadores, vestindo a camisola de uma das
equipas.
Merecerá
uma tal Comissão Nacional a confiança dos demais concorrentes ao cargo de
Presidente do Partido? Quase somos levados a concluir que, ao invés de unir, a
Plataforma assim criada vai contribuir para uma maior divisão e
desentendimentos no seio do Partido.
Para
além desta crítica fundamental, outras podem ser apresentadas. A primeira
crítica é a que decorre de a nova proposta atingir no seu âmago o modelo
consagrado nos actuais estatutos, nomeadamente:
1. Na
indefinição do enquadramento ideológico do Partido;
2. Na
indefinição sobre a liderança do Partido;
3. Na fragilidade
do modelo antidemocrático de designação do Primeiro-Ministro;
4.
No recuo sobre o enquadramento dos
quadros do CONQUATSA.
O ENQUADRAMENTO IDEOLÓGICO
O
PAIGC é um partido que se situa no centro-esquerda do espectro
político-partidário do mundo moderno.
De
há muito deixou cair o marxismo-leninismo, que, aliás, nunca assumiu
formalmente, procurando na referência a movimento de libertação a fuga de um
posicionamento mais radical.
Pretender
que o centralismo democrático venha a ser um dos princípios fundamentais no seu
modelo de funcionamento é colocar o Partido no grupo dos partidos marxistas-leninistas
ou de esquerda, solução nunca preconizada pelo Partido.
Na
área político-ideológica em que se situa, do socialismo democrático ou da
social-democracia o centralismo democrático não é consagrado, exactamente por
corresponder a um modelo ultrapassado e abandonado. O líder é eleito para
cumprir um projecto e um programa, sendo avaliado e responsabilizado pessoal e
singularmente pelos resultados alcançados.
O Partido e os seus dirigentes precisam clarificar
a linha ideológica porque procedendo desta forma ficam logo definidas as linhas
mestras do programa político do Partido pois são conhecidos os temas ou
preocupações estruturantes de cada uma das opções ou correntes ideológicas do
mundo moderno.
A LIDERANÇA DO PARTIDO
O
modelo adoptado pela Comissão propõe-se criar mais um órgão de direcção do
Partido, o Presidium.
Ao
contrário da Comissão Permanente, que não é um órgão autónomo com poderes
próprios, o Presidium seria um verdadeiro órgão de direcção colegial, com
poderes próprios, que coadjuvaria o Presidente no exercício das suas funções.
Por
outro lado, a solução encontrada, a do Presidente que “ficaria no Partido” qual
guardião do templo, deixando o cargo de Primeiro-Ministro para o 1.º
Vice-Presidente deixa por resolver o problema de se saber quem é o verdadeiro
líder do Partido.
·
Para
que serve afinal a Moção de Estratégia que os candidatos devem apresentar ao
Congresso?
·
Este
Presidente ficaria isento desta obrigação de dizer aos militantes qual o seu
projecto para o Partido?
·
Quem
assumiria a campanha eleitoral do Partido?
·
Quem
será o responsável político pelos resultados eleitorais?
A solução encontrada pela Comissão: O
Chefe do Governo ou Primeiro-Ministro seria alguém que nem sequer se apresentou
a concurso para liderar o Partido. Parece uma proposta com destinatário
definido.
Do
nosso ponto de vista o Líder do Partido, chame-se Presidente do Partido ou
Secretário-Geral do Partido, tem de se apresentar a votos, com base numa
proposta de estratégia clara que possa ser avaliada politicamente pelos
militantes. O Líder do Partido deve chefiar o Governo porque é este o órgão de
soberania que tem a seu cargo a definição e o desenvolvimento da política interna
e externa do país, aquela que vai promover o desenvolvimento económico e social
do país, e que permite ganhar eleições e reforçar maiorias.
Não
vale a pena escamotear o problema porque ele é incontornável.
O MODELO DE INDIGITAÇÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO
Como
verificamos acima, no modelo proposto pela Comissão o Primeiro-Ministro
passaria a ser o 1.º Vice-Presidente do Partido. O mais importante dos
critérios para a eleição de um Líder, o da confiança dos militantes no seu
líder, é assim abandonado por completo, para ser substituído por um modelo
assente na vontade de alguns iluminados que tiverem a sorte, ou o compadrio, de
fazer parte da Lista do Presidente, e abençoados por um Presidium. Em vez de
eleito por todos os congressistas, passa a ser nomeado por uma minoria de
dirigentes, cuja legitimidade é muito duvidosa, resultado dos resquícios da
ideia de centralismo democrático na vida do Partido. Em vez de ser o Congresso
e todos os militantes a escolherem o futuro Primeiro-Ministro, é o Presidente que
o escolhe porquanto é ele que escolhe os seus Vice-Presidentes. O voto em lista
colegial não confere nenhuma força e legitimidade ao futuro Primeiro-Ministro,
que, assim como foi escolhido pode ser afastado.
O
modelo não é democrático porque o acesso não se faz de forma livre e aberta. Nem
todos têm o direito de concorrer ao cargo, ferindo de morte o princípio da
igualdade entre militantes e congressistas, bem como a ideia de democracia
interna exigida por lei a todos os partidos políticos.
Para
além de antidemocrático, o modelo gera instabilidade porquanto a todo o tempo o
PM indigitado pode ser destituído por quem o nomeou.
O CONQUATSA
O
modelo proposto pela Comissão recua no que se refere ao enquadramento do
CONQUATSA, ao invés de procurar a solução equilibrada que a situação requer.
O
modelo da Comissão limita-se a retirar aos membros do CONQUATSA o direito de
participarem nos Congressos como Delegados, esquecendo-se que no seio desta
organização se encontram também verdadeiros militantes do Partido.
Com
efeito, a organização alberga no seu seio militantes, simpatizantes e amigos do
Partido. Se é verdade que simpatizantes e amigos não têm direito a participar
como delegados, antes podendo apenas vir a ter o estatuto de Convidados, os
militantes gozam de iguais direitos e deveres, nada nem ninguém podendo
retirar-lhes esse direito.
O
modelo CONQUATSA foi adoptado para aproximar do Partido os quadros que não são
dados a grande militância política. Porém, tal situação não deve ter como
consequência o seu puro e simples afastamento, tanto mais que o que têm para
oferecer ao partido é de grande importância.
Não
se pode exigir a quem concebe ideias e modelos, projectos e programas, que
tenha que fazer o percurso de militância de base que muitos militantes fazem,
não devendo por esse facto ser considerados membros menores do Partido.
O
CONQUATSA continuará a ter a mesma responsabilidade e a beneficiar de lugares
próprios no Congresso, à semelhança do que ocorre com as organizações sociopolíticas
do Partido.
EIS A PROPOSTA E A VISÃO DO PROJECTO “POR UMA LIDERANÇA DEMOCRÁTICA E INCLUSIVA”
Do
nosso ponto de vista o modelo consagrado pelos actuais estatutos tem grandes
virtualidades. Quando devidamente aplicado, pode produzir excelentes
resultados. O facto de as suas potencialidades não terem sido devidamente
exploradas, pelas razões as mais variadas, ligadas sobretudo ao modelo de
gestão financeira adoptado e às relações de dependência dela resultante, não
deve nem pode significar o seu total abandono.
Por
isso se justifica a proposta que abraçamos. Trata-se de uma proposta que toma
em devida conta a clareza e as virtualidades do actual modelo, reforçando-o
naqueles domínios em que se concentram as principais críticas.
Assim,
concentramos as propostas de alteração no Secretariado e no Secretário Nacional,
primeiro abrindo o acesso ao cargo de Secretário Nacional a todos os membros do
Bureau Político, depois conferindo-lhe poderes suficientes para fazer funcionar
o Secretariado, independentemente dos “apports”
que lhe possam ser dados pelo Presidente do Partido.
Pareceu-nos
importante que o Secretário Nacional, a ser eleito no Comité Central e não no
Congresso como o Presidente, seja membro do órgão que se situa no topo da
estrutura hierárquica do Partido, para ter o peso político necessário ao
exercício das suas funções. Pareceu-nos ainda que para dignificar a função e
criar-lhe condições de operacionalidade era importante ser o próprio Secretário
Nacional a criar a sua equipa de trabalho, passando por isso a ser ele próprio
a propor os demais membros do Secretariado, em articulação com o Presidente do
Partido. O Secretariado passa a ter mais poderes, nomeadamente de
acompanhamento da vida política e social nacional.
Contudo
ao Presidente do Partido reserva-se o direito de presidir às reuniões do
Secretariado sempre que o entender, para assegurar a coerência e a eficácia da
sua acção.
Seguimos
de perto as propostas da Comissão relativas ao Conselho Nacional de Jurisdição,
que passa a assumir também a função de Fiscalização.
Para
dar-lhe a autoridade necessária o seu Presidente passará, na nossa proposta, a
ser eleito pelo próprio Congresso, de entre os membros do Bureau Político, e as
suas atribuições e competências são largamente aumentadas, para que cumpra
eficazmente as suas funções.
Por
outro lado, tendo em conta a necessidade de conformar o Partido com os ditames
das regras relativas à vida democrática no interior do Partido, as candidaturas
vencidas que atinjam pelo menos 10% de votos no Congresso passam a estar
representados nos diferentes órgãos de direcção do Partido, os quais devem
ainda respeitar os equilíbrios internos necessários ao normal funcionamento do
Partido.
Do
mesmo passo, afastam-se dos órgãos directivos as candidaturas meramente
oportunistas, cuja apresentação não obedece à lógica da normal e sã
concorrência, antes a critérios de mera promoção política, pessoal e social. Ou
seja, os candidatos poderão vir a integrar os órgãos directivos por todos os
motivos que não apenas pelo facto de terem sido candidatos. A fasquia coloca-se
ao nível dos 10% para desencorajar candidaturas sem expressão política.
A
nossa proposta mantém o princípio que consagra a clara liderança do Presidente
do Partido. Não há bicefalia, e toda a gente sabe que ao eleger o Presidente do
Partido se está a escolher o futuro Primeiro-Ministro. Mantemos o modelo actual
que permite aos militantes e simpatizantes saberem quem é o “chefe”. É o
Presidente do Partido que lidera as campanhas eleitorais e é a ele que se pedem
contas por qualquer desaire eleitoral. É a Lista do Presidente, candidato
vencedor do Congresso, que terá maior representação nos órgãos nacionais do
Partido, mas repartindo em partes iguais essa representação com as estruturas
do Partido, sua principal base de sustentação.
Para
respeitar ainda o princípio da democracia interna, preconizamos que o voto para
a eleição de cargos não concorrenciais, em listas solidárias, seja público,
reservando o voto secreto para todas as eleições para cargos concorrenciais, reservadas
especialmente para as situações em que se apresentam a concurso pessoas
singulares.
Ainda
nesse quadro, preconizamos que para todas as eleições se adopte sempre o modelo
de urna e lista únicas, à vista de todos, para garantir transparência e reduzir
riscos de impugnabilidade dos actos eleitorais.
Do
nosso ponto de vista é esta a proposta com que as bases do Partido se
identificam e que melhor compreendem. Apresentar um modelo diverso é
confundi-los e provocar roturas e impactos negativos no nosso modelo de
organização, que do topo à base assenta na eleição singular dos diferentes
responsáveis políticos.
CONCLUSÃO
A
posição do Projecto “Por uma Liderança
Democrática e Inclusiva” é que o VIII Congresso não deve debruçar-se sobre
a questão da revisão dos Estatutos do Partido, por não ser este o momento
adequado para um tal esforço de reorganização.
Contudo,
admitindo que a revisão venha a ser feita, em resultado de compromissos entre
as diferentes candidaturas, então a revisão deve respeitar a estrutura e o
actual modelo de organização, sobretudo no que se refere à Liderança do
Partido, hoje concentrada no Presidente do Partido, o qual é o cabeça de lista
e o candidato do Partido ao cargo de Primeiro-Ministro em caso de vitória
eleitoral, bem como as preocupações de transparência dos processos eleitorais
para a escolha dos dirigentes do Partido.
Bissau,
4 de Julho de 2013
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