Uma esmagadora maio-ria dos titulares dos órgãos sectoriais, de secção e de base do Sector de Empada con-denaram vivamente o surgimento de uma Pla-taforma que veio, segundo eles, para acentuar ainda mais a divisão e as contradições internas no seio do PAIGC.
A delegação do Projecto "Por uma liderança democrática inclusiva" chefiada pelo camarada Oscar Barbosa "Cancan", membro da Comissão Política do Bureau Politico e da Comissão de Coordenação Política e Estratégica de apoio a Braima Camara e integrando ainda os camaradas Dinis Cabelol Na Fantchamna, do BP do PAIGC, Carlos Pinto Pereira, Aly Kadra, Saly Cassama, Aladje Suleimane Djassi, Julio Lefam e Ussai Djalo, apresentou as razoes da missão, que se prendiam essencialmente com o surgimento de uma dita Plataforma inventada e querendo ser imposta por alguns veteranos da Luta de Libertação Nacional.
Carlos Pinto Pereira "Caía" fez uma cabal explicação e um enquadramento jurídico relacionado com as propostas apresentadas em nome da Plataforma, no preciso momento em que se regista uma caducidade dos órgãos estatutários do PAIGC e da necessidade de se sufragar uma nova Direcção, sendo esta um dos principais objectivos do VIII Congresso Ordinário do PAIGC.
Para o jurista Carlos Pinto Pereira "há claramente uma tentativa de se subverter as regras de jogo, quando processo poderia deveria ser sem problemas desde que o jogo democrático e os Estatutos fossem respeitados"
Para este jurista, "há uma tentativa clara de se criar uma situação de insustentabilidade com a decisão de se proceder a uma profunda revisão dos Estatutos, sabendo-se que esta revisão é susceptível de dividir ainda mais o PAIGC", para logo concluir que "há menos de quatro meses e meio da data marcada para as eleições gerais (legislativas e presidenciais) é absolutamente contra procedente, principalmente quando está em disputa a eleição de novos órgãos estatutários, com toda a carga política que isso representa".
Os diferentes responsáveis regionais teceram algumas criticas e colocaram algumas questões, tais como o fez o camarada Lamine Coté que questionou o facto da proposta de revisão "não ter sido sujeita à reunião do Comité Central, órgão competente para a aprovar, mas foi pura e simplesmente adoptado como uma proposta da Plataforma de forma abusiva e irresponsável", para de seguida questionar "quem vai ser o Primeiro-Ministro, quem vai ser o Presidente da Assembleia Nacional Popular e quiçá mesmo quem é que a Plataforma vai escolher para ser o candidato apoiado pelo PAIGC para concorrer as próximas eleições presidenciais?".
Para Saco Sane, "o PAIGC tem que ser salvo, por isso mesmo temos que lutar contra todos os que a querem dividir e neste cão concreto, os mentores da Plataforma deviam saber que a sua proposta nunca seria pacifica, daí a minha ou seja a nossa preocupação e a nossa revolta", enquanto que do seu lado, Abdú Djassi alertava para o facto "do país sem o PAIGC An. Governar era sinónimo de desgovernação, de descalabro e de aumento da desgraça para as populações, principalmente, as camponesas, por isso mesmo, os mentores da Plataforma deviam saber que a Guiné-Bissau já não é o que era, pois os tempos mudaram, pelo que as vontades também têm que mudar, por isso mesmo tem que prevalecer o bom-senso e uma postura patriótica acima de tudo".
Tcherno Banora na sua intervenção, relembrou que Empada já recebeu vários candidatos a Presidente do Partido e todos eles tinham a sua visão o seu projecto, para logo concluir que "de repente surge o modelo da Plataforma, que agora em vez de nos pedirem, quase nos estão impondo uma solução, que deveria, tendo em conta os Estatutos do nosso Partido ainda em vigor e que foi aprovado em Gabú, ser obviamente sujeito ao Bureau Politico e ao Comité Central para aprovação, antes de seu imposto as bases. Pensamos que estamos a viciar o jogo democrático, pois a nosso ver, dêem ser o conjunto dos dirigentes e militantes de todas as estruturas quem cabe escolher o modelo que o PAIGC deve adoptar, por isso alerto, que tentar à viva força pretender passar uma proposta vai trazer adia mais divisão no partido e na própria Guiné-Bissau".
Por seu turno, o Deputado pelo Circulo que engloba Empada, Aly Kadra, igualmente membro do Comité Central do PAIGC, que defendeu transparência, democracia e respeito para com os Estatutos, afirmaria que em relação a proposta defendida pela Plataforma "que hoje não se coloca o problema de uma revisão estatutária, mas sim de um caso de ambição, onde a todo o custo um pequeno grupo bem identificado retende continuar a servir-se do PAIGC para atingir os seus fins pessoais".
As Deputadas Saly Cassamá e Ussai Djalo nas suas intervenções seguiram a mesma linha defendida pela esmagadora maioria dos intervenientes, ou seja, a de condenação e rejeição total da proposta da Plataforma, que consideraram como "anti-estatuária e divisionista, portanto, alo que deve merecer uma total rejeição dos órgãos estatutários do Partido".
Para encerrar a reunião de esclarecimento falaria o camarada Cancan, que agradeceu a forma responsável, idónea e militante como os intervenientes defenderam os seus pontos de vista, "demonstração inequívoca da vossa maturidade política e de elevada postura democrática e patriotica, que só nos honra e dignifica, num momento sensível e especial que o PAIGC vive, quando procura realizar o seu VIII Congresso Ordinário, legitimar a sua nova direcção e preparar-se para reconquistar o poder de que foi abruptamente afastado".
Para Oscar Barbosa, "a hora é de unir as fileiras, reconciliar a família divida do PAIGC, cimentar a unidade e a coesão interna, como condição necessária e urgente para salvar o nosso Partido", para de seguida acusar "os que a coberto de uma legalidade duvidosa e não instituída nem estatutariamente e nem por decisão dos órgãos estatutários, mas que está querendo sendo imposta uma revisão dos Estatutos e um modelo de gerência do nosso Partido, não seguindo as tramitações nem legais e muito menos em termos de transparência democrática".
Para o camarada Cancan, "a principal crítica que nos merece a solução apresentada pela Comissão Nacional Preparatoria do VIII Congresso Ordinario e que resultou na "Plataforma do PAIGC para a Unidade e Coesão Internas do Partido" é a que resulta do facto dela representar uma solução anti-estatutária, mas que mesmo assim mereceu o apoio dos actuais dirigentes do Partido que se apoderaram do PAIGC como se fosse sua propriedade privada. Mais, esta Plataforma mereceu o apoio de membros da actual Comissão Nacional Preparatória do VIII Congresso, o que significa que os árbitros viraram jogadores, vestindo a camisola de uma das equipas".
"Cabe perguntarmos se uma tal Comissão Nacional merecerá a confiança dos demais concorrentes ao cargo de Presidente do Partido? Quase somos levados a concluir que, ao invés de unir, a Plataforma assim criada vai contribuir para uma maior divisão e desentendimentos no seio do Partido", diria ainda Oscar Barbosa, para logo acrescentar que "para além desta crítica fundamental, outras podem ser apresentadas. A primeira crítica é a que decorre de a nova proposta atingir no seu âmago o modelo consagrado nos actuais estatutos, nomeadamente, na indefinição do enquadramento ideológico do Partido, na indefinição sobre a liderança do Partido, na fragilidade do modelo antidemocrático de designação do Primeiro-Ministro e num preocupante recuo sobre o enquadramento dos quadros do CONQUATSA".
A finalizar a sua intervenção, Cancan diria "quando os que seriam os árbitros do processo resolvem ser igualmente jogadores, pois tanto a revisão dos actuais estatutos por uma Comissão de Textos da Comissão Nacional Preparatória que devia prestar contas ao Comité Central, resolve-se pura e simplesmente passar este dossier para o projecto Plataforma, com a agravante ainda dos mentores da Plataforma não tomar em consideração que os Estatutos aprovados pelo Congresso de Gabú continua vigente e legal ".
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